domingo, 3 de janeiro de 2021

Tudo muda

 Hoje me caiu a ficha sobre a transitoriedade da  vida. E de como vamos vivendo sem perceber as coisas ao nosso redor. Esta percepção não foi coincidência: Li um livro da Monja Coen, mais especificamente sua auto-biografia.

Me peguei olhando para a Pandora, chorando e pensando em como não quero esquecê-la. Me lembrei dos bichinhos que já perdi e  percebi que um dia irei perdê-la também. Não quero esquecer os momentos da minha vida de hoje: O rosto do meu marido, as expressões do Sherlock, o charme da Raveninha... A casa em que eu moro, a luz que entra pela janela da sala, minhas plantas no quintal...

Se não fossem as fotos e até alguns relatos em diários antigos, eu nunca lembraria de muitos eventos da minha vida. Por isso quero voltar a escrever mais aqui. Para lembrar. Para reviver situações e até, quem sabe, alguns sentimentos.

Me arrependo de não ter registrado mais certos momentos com certas pessoas. Lembro com muito carinho do meu Colegial, mas as memórias já estão se perdendo e se misturando. Imagino como será daqui 20, 30 anos...

Nunca perdi nenhum parente de sangue. Tirando dos meus animais de estimação, muito amados, nunca perdi ninguém importante na vida. Ainda tenho meus quatro avós, e que Deus me perdoe, mas já me sinto preparada caso eles resolvam partir. 

Já meus pais, minha irmã... Sinceramente não sei como eu lidaria. Deve ser como se um pedaço do coração fosse arrancado contra a sua vontade. 

Ando meio reflexiva, ao mesmo tempo que que gostaria de exercitar mais meus pensamentos. Uma das minhas resoluções para este ano é meditar todos os dias por 10 minutos. Confesso que ontem já foi um pouco difícil. Tentei meditar sozinha, sem guia. Apenas concentrada na minha respiração, no aqui e no agora.

Também confesso que estou muito ansiosa com a volta ao trabalho. Apesas de já fazer um tempo, ainda tenho dentro de mim um pouco da angústia e do nó na garganta da época das Crises de Pânico (Só por eu escrever em letras maiúscula me dei conta da tamanha importância que eu ainda dou a estes episódios. Mais uma coisa que preciso trabalhar em mim. O medo).

Ultimamente também tenho sentido vontade de ser mãe. Sei que meu marido ainda não está pronto. Mas fiquei surpresa com a maturidade com que lidou com o assunto quando conversamos sobre. Foi num sábado em que decidi fazer um teste de gravidez com a primeira urina da manhã. Minha menstruação não vinha há cerca de 35 dias. Fiquei muito triste quando deu negativo. Chorei.

Conversei com ele e me senti muito amparada. Mas eu confesso que eu gostaria que ele já quisesse aumentar a nossa família. Eu consigo me visualizar como uma mãe muito participativa nas brincadeiras, nas idas aos parquinhos, nos desenhos... Tudo porque lembro da minha infância com muito carinho.

E por mais que eu queria ser mãe, também sinto medo. Mas meu medo atualmente é mais relacionado com o mercado de trabalho. Conversei com outras dentistas e perguntei sobre suas experiências com a maternidade e o trabalho. E conciliar os dois é muito difícil. Os pacientes não querem esperar 2 meses para serem atendidos...

Mas isso creio que seja algo que eu pense quando esta alegria acontecer. Em relação ao financeiro, não me preocupo. Sei que conseguiremos nos manter. Mas quero que o Igor queira. Que esta criança venha para somar nas nossas vidas. Fruto do amor que sentimos um pelo outro. E que nos aproxime mais e mais.


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Estou de volta

 Praticamente 3 anos depois, aqui estou novamente!

Hoje completo 28 anos, em 2020, o ano que tantas pessoas nutriram esperança de um ano melhor, o começo de uma NOVA DÉCADA, um marco na história e de repente, BUM! Fomos surpreendidos.

Não posso reclamar do meu ano. Apesar de tanta gente ter sido prejudicada pela pandemia e pela quarentena, além de centenas de família que perderam entes queridos, eu tive um ano bom.

A quarentena me ajudou a refletir, a acalmar a minha mente e me redescobrir feliz com o meu trabalho. Este ano foquei bastante no meu Instagram profissional e tive um ótimo retorno. E se Deus quiser, em 2021 será melhor ainda. Eu e o Igor demos um UP no consultório (colocamos até uma TV). Foi bom vê-lo empolgado neste final de ano. Eu tenho muita admiração pelo meu marido. Um dia farei uma postagem especialmente para ele.

Para ser sincera, me surpreendi ao ver que não escrevi nada por aqui por tanto tempo. Logo eu, que sempre gostei de escrever meus sentimentos num papel nem isso fiz. Então pretendo voltar a postar mais por aqui. Me mostrar mais crua. Até porque eu acho que a onda dos blogs já passou e que ninguém vai ler isso aqui. Então, vou escrever para mim. Para ver minha evolução e minha maturidade a cada ano.

E atualizando: eu NÃO TENHO ASPERGER, o que me lembra que tenho que mudar o endereço deste blog, que há 3 anos está como "meu mundo asper".

Foi uma batalha um tanto quanto sofrida até enfim chegar a um "diagnóstico".

Fui em outro psicólogo, que me aplicou um MONTE de testes para avaliar a minha personalidade. E deu que eu tenho traços e características pessoais que podem beirar ao Asperger, mas que não ultrapassa essa "linha de definição", se é que deu pra entender.

Quanto aos meus livros, há dois anos adquiri um Kindle, o que me fez ler MUITO mais. Ano passado li um total de 52 livros, este ano estou no livro de número 54. Toda noite antes de dormir eu apago a luz, deito na minha cama e leio algumas páginas. Quando dá, faço isso depois do almoço também. É o meu momento. Momento da minha mente desligar do mundo exterior e relaxar, fazendo algo que eu gosto muito.

Em breve estarei de volta. Desta vez não vou demorar 3 anos. kkkk

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Feliz Aniversário

Estou prestes a fazer 25 anos. Um quarto de século, como diz minha tia.
Parei pra refletir sobre a minha vida no decorres desses anos todos. E sinceramente, eu só tenho a agradecer.
Penso que, se existem outras vidas, eu devo ter sido muito boa pra merecer tudo o que tenho hoje.
Resumindo minha vida, ela foi e é perfeita. Apesar das dificuldades, que sempre existem, claro.
Deus é muito bom comigo. E sou grata à Ele.

O que me aconteceu nesses 25 anos:

- Superei uma bronquite asmática que causou muito sofrimento na infância.
- Tenho pais maravilhosos, que sempre cuidaram de mim, me ampararam, me apoiaram e me serviram de base. Que me amam e me respeitam, do jeitinho que eu sou.
- Tenho uma irmã fantástica, que foi pedida por mim muitas vezes. E ela veio pra somar na minha vida.
- Frequentei boas escolas e fui ótima aluna. Sempre gostei muito de ler e estudar.
- Tive bons amigos, alguns ainda estão comigo. Outros, infelizmente foram perdidos pelo caminho. Talvez não era pra ser; Talvez foi falta de maturidade. A vida ensina.
- Fiz uma excelente faculdade. Me formei com 21 anos e exerço a profissão que tive a oportunidade de escolher. Tenho ciência de que não é todo mundo que tem essa escolha e acesso à Educação. Minha vontade de estudar sempre foi muito grande. E ainda pretendo estudar muito.
- Me casei com o amor da minha vida! Estamos quase dois meses casados e tem sido muito gostoso. Se soubesse que era tão bom, me casava antes.
- Tenho minha casa, meu lar, pra onde volto todos os dias e encontro paz. Tranquilidade. E também a Pandora, uma gatinha que adotamos. Não conseguiria ficar sem um animalzinho pra me fazer companhia.
- Tenho meu carro, que me leva ao trabalho e a outros lugares todos os dias.
- Tenho um salário, que me permite sobreviver e viver.
- Tenho uma família unida.
- Descobri que possuo Síndrome de Asperger. Mas que isso não vai mudar o meu dia-a-dia. Apenas melhorar. Conhecimento sobre nós mesmos é dádiva. Sou grata pela oportunidade de estar desvendando o meu 'eu' interior. Por entender como minha mente funciona, como são meus pensamentos e a lidar com tudo isso, melhorar minha qualidade de vida. Obrigada Angelita, por todo o excelente trabalho que tem feito comigo. Minha psicóloga e amiga.

Obrigada Deus, pela minha saúde;
Pelas pernas que me permitem caminhar;
pelos olhos que me permitem ver e ler;
pelas orelhas com boa audição;
pelas minhas mãos, que são meu instrumento de trabalho;
pela minha vida, tão preciosa pra mim;
pela minha família, minha base;
pelo meu marido, não poderia ter um companheiro de vida melhor. Obrigada por colocá-lo na minha vida,
pelas minhas escolhas que, mesmo erradas e causadoras de sofrimento, me permitiram aprender, crescer e olhar o mundo com outros olhos. Que eu evolua sempre;
pela minha profissão, espero ter e manter o amor necessário para mantê-la o resto da minha vida;
pelos meus animais de estimação, que me ensinaram tanto.Alguns infelizmente não estão mais comigo no mundo físico, mas pra sempre no meu coração. Nina, Bethovem, Dolly, Nala, Willy, Logan e Pandora;

Obrigada Universo, por todos os bens que possuo. Que eu tenha a oportunidade de comemorar mais anos!

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Síndrome do Pânico

         Há cerca de quatro meses atrás, comecei a ter síndrome do pânico. No início, toda perdida, não sabia o que era realmente. Pensei que fosse TPM, cansaço, estresse, qualquer coisa, menos pânico. Até que as crises começaram a ficar mais frequentes, e eu comecei a ficar assustada.
        Primeiro, sentia minha garganta fechar, como se eu não tivesse mais o poder da fala. Depois, começava a suar frio, seguido da angústia e do medo, porque eu sabia o que estava por vir. E vinha. 
       Foi quando entendi o  real significado da expressão: "O medo paralisa". Eu não tinha reação, a não ser o desespero, a angústia de morte, o sentimento de que aquilo não iria passar nunca, a crise de choro.
        E era nas horas mais inesperadas: lavando a louça, dirigindo, me divertindo com os amigos, atendendo um paciente. Começou a atrapalhar, em muito, a minha vida. Eu tinha medo de sair de casa, pois não sabia quando viria uma crise. Podia acontecer no trabalho, no shopping, numa festa de aniversário...Tinha medo do julgamento das pessoas, tinha medo de estar louca... Eu estava ficando louca.
        Até que procurei ajuda médica. E soube que estava com Transtorno de Ansiedade Generalizada, que acarretou na Síndrome do Pânico. Comecei a tomar um medicamento pra controle da ansiedade e prevenção das crises. O médico avisou que durante os primeiros 40 dias haveria variações no meu humor e no meu estado mental.
        E houve. Havia dias em que eu estava no estado mais tranquilo possível, em que nada podia dar errado. Havia dias que eu estava pior do que meu estado inicial. Eu já sabia que estes dias ruins aconteceriam logo ao acordar. Era o inferno. Num deles eu tive a minha pior crise de pânico. Começou no trabalho, durante o atendimento de um paciente (pra quem não sabe, sou dentista), tive que dispensá-lo e ir embora. Aconteceu no trânsito, na garagem de casa, ao telefone com a minha mãe, que estava em outra cidade, há 40 minutos de distância. E não passou. Fui ao banheiro, vomitei, chorei, não conseguia respirar, e começou a me dar tremedeiras pelo corpo todo. Não conseguia ficar em pé. Até que a minha mãe chegou em casa. Mas ela não estava em outra cidade? Como chegou tão rápido? Ela me ajudou, me acalmei. E fiquei com mais medo ainda.
        O medo é a palavra-chave para o desencadeamento da crise de pânico. Pois tudo passa pela cabeça: " Por quê isto está acontecendo comigo?", "o que eu fiz pra merecer isso?", "o que é tudo isso?", "estou louca", "vou morrer". É um ciclo vicioso, uma bola de neve. Quanto maior o medo, maior a chance de iniciar uma crise.
        Por mais difícil que fosse, quando eu estava no meio de uma crise, tentava fixar o meu pensamento em três coisas:
       
        - Você não está sozinha.
        - Você não vai morrer.
        - Isto VAI passar.

        Hoje, além do medicamento, tenho apoio psicológico, que está sendo fundamental para minha melhora. Consigo entender o por quê disto ter acontecido, aprendo a lidar com a minha ansiedade e a me conhecer melhor. Não há nada melhor do que entender quem você é.