Há cerca de quatro meses atrás, comecei a ter síndrome do pânico. No início, toda perdida, não sabia o que era realmente. Pensei que fosse TPM, cansaço, estresse, qualquer coisa, menos pânico. Até que as crises começaram a ficar mais frequentes, e eu comecei a ficar assustada.
Primeiro, sentia minha garganta fechar, como se eu não tivesse mais o poder da fala. Depois, começava a suar frio, seguido da angústia e do medo, porque eu sabia o que estava por vir. E vinha.
Foi quando entendi o real significado da expressão: "O medo paralisa". Eu não tinha reação, a não ser o desespero, a angústia de morte, o sentimento de que aquilo não iria passar nunca, a crise de choro.
E era nas horas mais inesperadas: lavando a louça, dirigindo, me divertindo com os amigos, atendendo um paciente. Começou a atrapalhar, em muito, a minha vida. Eu tinha medo de sair de casa, pois não sabia quando viria uma crise. Podia acontecer no trabalho, no shopping, numa festa de aniversário...Tinha medo do julgamento das pessoas, tinha medo de estar louca... Eu estava ficando louca.
Até que procurei ajuda médica. E soube que estava com Transtorno de Ansiedade Generalizada, que acarretou na Síndrome do Pânico. Comecei a tomar um medicamento pra controle da ansiedade e prevenção das crises. O médico avisou que durante os primeiros 40 dias haveria variações no meu humor e no meu estado mental.
E houve. Havia dias em que eu estava no estado mais tranquilo possível, em que nada podia dar errado. Havia dias que eu estava pior do que meu estado inicial. Eu já sabia que estes dias ruins aconteceriam logo ao acordar. Era o inferno. Num deles eu tive a minha pior crise de pânico. Começou no trabalho, durante o atendimento de um paciente (pra quem não sabe, sou dentista), tive que dispensá-lo e ir embora. Aconteceu no trânsito, na garagem de casa, ao telefone com a minha mãe, que estava em outra cidade, há 40 minutos de distância. E não passou. Fui ao banheiro, vomitei, chorei, não conseguia respirar, e começou a me dar tremedeiras pelo corpo todo. Não conseguia ficar em pé. Até que a minha mãe chegou em casa. Mas ela não estava em outra cidade? Como chegou tão rápido? Ela me ajudou, me acalmei. E fiquei com mais medo ainda.
O medo é a palavra-chave para o desencadeamento da crise de pânico. Pois tudo passa pela cabeça: " Por quê isto está acontecendo comigo?", "o que eu fiz pra merecer isso?", "o que é tudo isso?", "estou louca", "vou morrer". É um ciclo vicioso, uma bola de neve. Quanto maior o medo, maior a chance de iniciar uma crise.
Por mais difícil que fosse, quando eu estava no meio de uma crise, tentava fixar o meu pensamento em três coisas:
- Você não está sozinha.
- Você não vai morrer.
- Isto VAI passar.
Hoje, além do medicamento, tenho apoio psicológico, que está sendo fundamental para minha melhora. Consigo entender o por quê disto ter acontecido, aprendo a lidar com a minha ansiedade e a me conhecer melhor. Não há nada melhor do que entender quem você é.